Um amigo uma vez me disse que enquanto a mini-série "O Auto da Compadecida" era sintonizada nos televisores paulistanos, existia apenas o hiato entre uma risada e outra. Era a cidade tranquila, a cidade no silêncio...
É o que nos resta hoje. O silêncio sepulcral que tomou as ruas brasileiras, do Norte ao Sul, nos segundos que seguiram a eliminação da nossa Seleção na Copa do Mundo. Seguiu-se então o grito libertador, o da fúria, o do desconsolo... Alguns praguejaram contra nossa sorte. Outros contra alguns jogadores. Mas a maioria contra a própria tristeza e principalmente contra o orgulho ferido. Somos Brasileiros, não sabemos e não estamos acostumados a perder.
Mas é dessa forma que não percebemos que era uma tragédia já escrita, como no livro do genial escritor colombiano García Marquez, "Crônica de uma Morte Anunciada". Com um banco de reservas como aquele e com os jogadores com os brios mexidos pelo "macho" treinador Dunga, era de se imaginar que a despedida seria assim, com uma expulsão (do "gentleman" Felipe Melo) e sem opções válidas para mudar o jogo, dar um toque de qualidade e principalmente esperança em campo.
Sendo assim, no drama chamado Copa do Mundo 2010, o Brasil é aquele personagem altivo, brigador e com pinta de machão que chama todos para o duelo e acreditando na sua própria invencibilidade, cái débil ante suas próprias deficiências... Esperemos por 2014. E por uma Seleção que volte a parecer como nós, brasileiros.
Um comentário:
Lembrei-me de Eusébio. 3 a 0 para a Coréia do Norte. Ele foi lá e virou o jogo para o nobre Portugal.
Não que esperássemos um Eusébio de 1966.
Mas simplesmente aquilo que nós - não acostumados a perder? - estamos absolutamente completamente enebriantemente desejosos - JOGUEM O FUTEBOL QUE SABEMOS POSSUIR.
Joga fácil. Joga limpo. Joga fluindo pelos cantos do campo.
Assim, jogamos.
Assim queremos.
E assim, como em 1982, deixamos um caneco esvair pelos dedos.
Até 2014.
Mas antes, vamos lá SulAmérica. Vamos lá Paraguai.
E aí vamos nós. Para a Copa América, para os torneios sulamericanos, para o Brasileirão e que vença o melhor time.
Beijos, filho.
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