E os seus amantes também. A Fúria está na final da Copa do Mundo! Lembro que ao término da primeira rodada, com a ridícula performance brasileira contra a Coréia do Norte e a infeliz derrota espanhola ante a Suíça, um amigo e eu discutíamos sobre a objetividade das equipes e se bastava jogar bonito, mesmo perdendo.
Bom, é lógico que como toda discussão sobre futebol essa não teve um fim. Mas convenci-o de que a Espanha praticava um futebol hermoso. Os periódicos espanhóis apelidaram essa forma de jogo de tique-taca. É aquele tocar de bola envolvente e incessante, buscando espaços, a movimentação dos jogadores sem bola, a plasticidade dos passes e lançamentos... quase como um toureiro esperando a hora certa de acabar com o seu rival. Até o constantemente criticado preciosismo das jogadas faz parte.
Mas a verdadeira preciosidade é uma equipe manter a sua cultura de jogo mesmo com as derrotas, mesmo com as dificuldades e independente do adversário. A verdade é que a Fúria gosta do que faz. Sabe muito bem que dessa forma representa o futebol espanhol e sua identidade. Mesmo com as derrotas para a Suíça e Estados Unidos (na semi-final da Copa das Confederações), e enfrentando um adversário como a Alemanha numa partida decisiva, a Espanha continuou jogando e encantando.
Porém, de nada isso adiantaria se eles não contassem com bons jogadores. E, acredite, nunca houve tanto talento na seleção espanhola. São futebolistas de nível mundial, jogando nos maiores clubes da Europa. E com a grande vantagem do entrosamento. O meio-campo e a zaga, por exemplo, é praticamente o Barcelona (que inegavelmente é também o clube que melhor pratica o futebol no mundo).
Já o ataque é um caso específico. Afinal, é impossível falar do sucesso da Roja sem falar de David Villa. O atacante que divide a artilharia do mundial com o holandês Sneijder nunca jogou em um "grande clube" da Europa (acabou de se transferir para a equipe de Messi & cia.) e mesmo assim está prestes a se tornar o maior goleador da história da seleção espanhola, ultrapassando o mitológico Raúl González. E o outro atacante, Fernando Torres, mesmo em má fase, é um dos jogadores mais letais do planeta bola (além de um certo goleiro do Flamengo, mas esse entra em outra categoria).
Dessa forma, a Espanha chega à sua primeira final de Copa do Mundo com todas as chances (e o favoritismo) para levá-la para casa. Jogará contra uma boa equipe, que é a Holanda, mas principalmente contra o seu histórico de "amarelar" em jogos decisivos, parcialmente extirpada com a vitória na Euro 2008, mas reacesa com a derrota ante os yankees na Copa das Confederações. De qualquer forma, sabe-se a forma com que a Espanha vai buscar a vitória. Não abrindo mão do seu futebol.
David Villa, que por sinal comemora seus gols imitando um torero, pode igualar o feito de Gerd Muller e ser artilheiro da Eurocopa e da Copa do Mundo. Com certeza é um atacante disposto a fazer história.

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