quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Zebra Européia.

A cidade de Manchester acordou taciturna hoje. Seus dois clubes, o United e o City, maiores expoentes de uma cidade apaixonada por futebol foram eliminados da Liga dos Campeões da Europa, a competição de times de grife.

Não é surpresa para ninguém que o melhor jogador da Liga tem grandes chances de se coroar como Bola de Ouro da FIFA. Portanto, sair desta vitrine não é só um prejuízo financeiro, mas também futebolístico. É como a Libertadores da América, objeto de desejo de 8 em cada 10 torcedores, o ápice do futebol no Continente.

O City, enxertado com petrodólares árabes,  gastou milhões para formar um time que sabe jogar bola. Conta com nomes como o espanhol David Silva (um dos melhores meias armadores atualmente), o driblador francês Samir Nasri, o hermano Sergio Aguero, o polêmico italiano Mario Balotelli, além dos irmãos costa-marfinenses Touré e dos destaques ingleses Joe Hart e Micah Richards. Com uma linha ofensiva importada e de qualidade vem liderando com o folga a Premier League, o campeonato inglês.

O rival United é o segundo colocado do campeonato nacional e vem em um momento de transição. Sir Alex Ferguson, há 25 anos treinador dos Red Devils, tem colocado jovens jogadores para jogar ao lado das estrelas, tais como Wayne Rooney e Rio Ferdinand. Vale relembrar que os vermelhos de Manchester são os atuais vice-campeões europeus, tendo perdido na última final para o todo-poderoso Barcelona.

Curiosamente, em uma Liga dos Campeões onde o APOEL, do Chipre, consegue uma classificação histórica para as oitavas de final como primeiro de seu grupo (a frente de Porto, Zenit e Shakhtar) a Zebra parece estar solta. O United perdeu a sua vaga para o Basel, da Suíça e para o lisboeta Benfica. Já o City ficou atrás do italiano Napoli e do gigante alemão Bayern de Munique.

Certamente nada para se envergonhar, tendo em vista o nível técnico dos clubes que disputam o certame (o United tinha uma vida mais fácil, é verdade). Mas não deixa de ser surpreendente. Principalmente se levarmos em conta a grande expectativa em torno dos times milionários de Manchester, dos quais se espera nada menos do que sucesso. Resta à ambos a disputa da "segunda divisão européia", a Liga Europa (equivalente à Sul-Americana). 

Pensamentos: 

I - Com o enfraquecimento da presença inglesa na Liga, o Chelsea também sofreu para se classificar, deu-se mais um passo em direção a polarização da disputa entre os eternos rivais Real Madrid e Barcelona.

II  - Obviamente, o APOEL conta com ilustres desconhecidos jogadores brasileiros. Seis, para ser mais exato. São eles: os atacantes Aílton e Manduca, os zagueiros Kaká e William, o lateral Marcelo Oliveira e o meia Marcinho. Reconhece algum? 

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A felicidade inebria.

Já faz praticamente dois dias que os quase 30 milhões de corintianos puderam, enfim, comemorar  exaustivamente o título de Campeão Brasileiro de 2011. Eu sendo um deles. E tenho a sensação de que nunca um sentimento durou tanto tempo para se formar e ser expressado.

Lembro claramente daquele 02 de Dezembro de 2007. Os gols, a expressão do Vampeta, o choro do Dentinho, mas mais do que tudo, me recordo das faces da Fiel Torcida. Um ano para ser esquecido. Um ano para não se repetir. A culminação de toda uma Era Dualib de má-administração e negociatas escusas. Quem pagou o pato? O torcedor.

Passaram-se quatro anos daquele fatídico dia. Vieram um troféu da Copa do Brasil, um título de Campeão Paulista Invicto, diversas vitórias em clássicos, o Ronaldo, crescimento de renda, etc. Obviamente, também houve desgostos. Duas eliminações sofridas na Libertadores, um Brasileirão desperdiçado nas duas últimas rodadas, a final ante o Sport na Copa do Brasil após uma vitória contundente em São Paulo, entre outras.

De qualquer maneira, faltava expurgar o fantasma de uma vez por todas. Ainda restava triunfar no certame em que falhara vergonhosamente. E após passar quase dois campeonatos ininterruptos no topo da tabela, confirmou-se que o "Coringão voltou" de fato.

Claro, a conquista tinha que ser do jeito que a torcida corintiana gosta de orgulhosamente entoar em seus cânticos, sofrido e suado. Apesar de ser o time que acumulou o maior número de vitórias, várias delas ficaram marcadas pela aflição até o segundo final. O que dizer da vitória suada contra o Bahia no primeiro turno? Ou a épica virada ante o Atlético Mineiro? Até mesmo do empate, no jogo final, contra o Palmeiras?

Em um Campeonato que se propagou ser o mais emocionante da história, sagrou-se campeão justamente aquele que mais despertou emoções em sua torcida. Da alegria à raiva, passando pela impaciência (com o treinador e jogadores, principalmente), pela ansiedade e pela apreensão. Finalmente, restou apenas o alívio de poder gritar "É Campeão!", quando por momentos parecia que o caneco escaparia por entre os dedos novamente.

Com o citado aumento da renda, não duvido que o Corinthians vá conseguir manter-se no topo do futebol brasileiro. Afinal, dinheiro é poder em qualquer meio. Outros títulos seguramente virão, mas nenhum deles vai superar essa felicidade inebriante de quem sabe que superou os estigmas de seu passado e pode se encher de orgulho uma vez mais.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Memória.

Não tenho palavras para descrever ou homenagear o Doutor à altura. Como imagens valem mais do que frases, coloco o vídeo de sua despedida do Corinthians, rumo à Firenze e também a Ode ao Futebol que escreveu junto com seus companheiros da Seleção de 1982 (uma das maiores de todas) na partida contra a União Soviética.


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

"Ah, se tivesse sido diferente..."

Só falta uma rodada para o término do Campeonato Brasileiro de Futebol 2011. No topo da tabela, temos dois clubes buscando a taça e pelo menos mais cinco lutando pelas vagas remanescentes na Libertadores. Já na parte de baixo, três clubes batalham para escapar do Rebaixamento, sendo que apenas um conseguirá.

Pior para seus torcedores, cujo esporte preferido durante toda essa longuíssima semana foi o de relembrar partidas e momentos decisivos para os seus times ao longo do campeonato e imaginá-los com um desfecho diferente. Exclamarão, sem sombra de dúvidas em suas vozes, inúmeras vezes: " Aquela partida deveríamos ter vencido".

Some-se isso aos debates nas rodas de amigos por todo o Brasil em que se fala daquele pênalti que Fulano perdeu, ou daquela expulsão infantil de Beltrano, o empate milagroso da outra equipe em bobeada da zaga, a(s) falha(s) do goleiro, e por aí se enveredando em uma especulação sem fim.

"Futebol é uma caixinha de surpresas", diz o ditado. "Para que abrir a caixa?", pergunta o torcedor. O despreparo, até descaso, de algumas diretorias culminará em um ano para se esquecer para vários brasileiros amantes do esporte bretão. Em um campeonato nivelado como o Brasileirão, será rebaixado aquele que realmente não se esforçar para evitar tal destino.

Afinal, como um legítimo Campeonato Brasileiro, deixou-se tudo para a última hora. E tal qual aquele estudante que preocupou-se em se aplicar apenas no fim do ano e agora se amedronta ante as provas finais, os dirigentes dos clubes olharão para trás e pensarão: "Poderíamos ter feito diferente aqui e ali" e "Ah, se eu tivesse me esforçado mais naquele momento".

Não duvido que passa pela cabeça do Presidente do Atlético Paranaense, por exemplo, que ao invés de se preocupar tanto com o financiamento da Arena da Baixada para a Copa, poderia ter se aplicado em contratar melhores jogadores e organizar uma comissão técnica mais preparada. O primeiro semestre explicitava que o time do Furacão não era competitivo o suficiente. E lá vamos nós mais uma vez chamar o Antônio Lopes, no alto de seus 70 anos, para tentar apagar o fogo nos últimos minutos.

Ou que a diretoria do Cruzeiro não se arrependa de ter demitido o Cuca, desmanchado o time todo e ter deixado todas as decisões nas mãos de um Presidente que já não mais se preocupava com o clube, tendo herdado o cargo de Senador da República (por ser suplente do falecido Itamar Franco).

Ora, nessa prova final há sim chances de escapar, como todas elas. Mas convenhamos, se você já não fez o seu trabalho o ano todo, não vai ser agora que ele vai, milagrosamente, ser feito decentemente. Em um momento cada vez mais profissional do nosso futebol, deixar as coisas para os últimos momentos do campeonato é, no mínimo, um contra-senso.

E é por isso que na noite deste domingo, a maioria dos torcedores dos clubes da Série A estará pensativa, um tanto taciturna e se pegará pensando naqueles jogos, naquelas jogadas, nas contratações, nas demissões inexplicáveis e lamentará, em um suspiro: "Ah, se tivesse sido diferente...".


O texto, admito, ficou um pouco confuso. Tal qual a cabeça deste que vos escreve, em uma semana em que não consegue parar de suplicar para que o início da rodada chegue logo.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Penas exemplares.

O jovem Dodô sai de campo
após a agressão de Bolívar.
Aprendemos durante toda a nossa vida, uma lógica básica: o quão mais reprovável for a sua conduta, pior será sua punição. Desde que somos crianças essa regra é incutida em nossas cabeças até que passe a ser uma espécie de valor agregado ao nosso inconsciente.

No Direito, especialmente em seu ramo penal, não é diferente. Atribuem-se as piores sanções àqueles que ofenderem os bens jurídicos mais relevantes ao indivíduo e à sociedade. Não é aleatória a razão que leva o condenado por homicídio ter que cumprir uma pena maior do que aquele que furtou. O todo social explicita, através do Estado, que aquela conduta é extremamente reprovável e indesejável.

Em outra linha de funcionamento estava o futebol. Não eram poucas as vezes em que acompanhávamos algum caso de agressão, ou pura transgressão, em que saíamos com a sensação de impunidade. Aparentemente, isso está começando a mudar.

O primeiro caso que me chamou atenção foi o da invasão do Couto Pereira em 2009, quando o Coritiba foi rebaixado ante seus torcedores e os mesmos não se mostraram muito inclinados a aceitar isso pacificamente. A confusão foi generalizada:


Diante de tal exibição de vandalismo e selvageria, cabia ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) aplicar a sanção cabida. Sinceramente, não esperava resposta tão dura. Pena de mando por 30 partidas e multa de 610 mil reais. O recado estava dado, esse tipo de comportamento é inaceitável e será tratado como tal. 

O posterior abrandamento da penalização após recurso da diretoria do Coritiba (apenas 10 mandos e 100 mil reais de multa) não maculou inteiramente a imagem de "pena exemplar". O clube da capital paranaense ainda teve que disputar várias partidas na sua campanha da Série B em Joinville e seu torcedor sentiu na pele as consequências daquela arruaça. 

O segundo caso provém da punição aplicada ao jogador do Internacional Bolívar por essa entrada "pra quebrar" em Dodô, jovem lateral-esquerdo do Bahia: 




Essa jogada absurda, que ainda hoje me provoca indignação, resultou em séria lesão no joelho do garoto Dodô e a previsão é de que ele só volte a jogar após 6 meses. As imagens são claras e provocaram reações enfurecidas dos amantes do futebol e não foram poucas vezes que li em fóruns de discussão de que o justo seria tirar Bolívar de campo enquanto o garoto não pudesse jogar. Olho por olho, dente por dente? 

E é assim que entendeu o STJD. De maneira inédita e surpreendente, aplicou-se o parágrafo terceiro do artigo 254 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que dispõe: 

Art. 254. Praticar jogada violenta:
PENA: suspensão de uma a seis partidas, provas ou equivalentes.§ Na hipótese de o atingido permanecer impossibilitado de praticar a modalidade em consequência de jogada violenta grave, o infrator poderá continuar suspenso até que o atingido esteja apto a retornar ao treinamento, respeitado o prazo máximo de cento e oitenta dias. (AC).

Sem sombra de dúvidas, uma pena exemplar. O que há muito já se propaga, que tal tipo de jogada violenta e mal-intencionada é inconsequente e extremamente reprovável, foi agora ressaltado pelo tribunal competente. O STJD, com esta decisão, salientou: nos gramado brasileiros, não se admitirá uma entradas destas, "para quebrar".

Bolívar, ao final da partida, argumentou que Dodô entrou afobado no lance. Posteriormente, acenou com a intenção de pedir desculpas ao lateral. Hoje, tenho certeza que está com uma baita dor de cabeça e se não está arrependido, no mínimo sabe que sua carreira nunca mais será a mesma.

Caso se mantenha essa sanção, o zagueiro colorado será estigmatizado por um severo afastamento de 6 meses, que não só podem lhe custar a sua titularidade no clube gaúcho e sua faixa de capitão, mas também a continuidade na Primeira Divisão do futebol brasileiro. Como aconteceu com Domingos, ex-zagueiro do Santos, que chegou foi dispensado por ser considerado violento e agora é um peregrino pelas divisões mais baixas do Brasileirão.

Enfim, as consequências de uma violência descabida estão sendo mostradas. Espero, sinceramente, que seu caráter exemplar repercuta no "meio da bola" e que não mais tenhamos que ver carreiras sendo interrompidas por lances absurdos como este.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

As facetas da administração de um clube.

Apresentação de Marcelinho em sua primeira passagem pelo clube.
Acompanhado por Alberto Dualib. (Autoria desconhecida)
Assisti há pouco um vídeo do Marcelinho Carioca falando sobre o perdão de uma dívida de mais de 7 milhões de reais que devia ao Corinthians, em troca de um novo contrato que acabou lhe rendendo ainda 2 milhões na rescisão apenas 7 meses depois. Na época cheguei a assistir uma partida em que atuou, contra o Flamengo no Morumbi e se bem lembro, a torcida ainda guardava carinho pelo Pé-de-Anjo.

Mas de causar saudades na torcida por sua vasta coleção de títulos com a camisa alvinegra, para a sua contratação mediante o perdão de uma dívida milionária e ainda depois revertendo parte deste montante para a responsabilidade do clube, já são outros quinhentos.

Assim como se comprometer em pagar 10 milhões de euros ao Lyon pela compra do atacante Nilmar, não ter recursos para realizar tal pagamento, perder o jogador  para o Internacional de graça e ainda ser condenado à pagá-lo uma quantia de 7 milhões de reais resultado de ações trabalhistas.

Os casos de Marcelinho e Nilmar são expoentes de uma época negra do Corinthians. Um período de sangria econômica por parte da administração de Alberto Dualib, permeada por corrupção e coronelato, apesar das conquistas dentro de campo. E tal exemplo não se restringe ao clube de Parque São Jorge, poderíamos encontrá-los em praticamente quaisquer clubes da Série A do Brasileiro em um passado recente. Éramos ainda amadores em tempos de um futebol extremamente monetizado.

A referida situação foi responsável pelo descomunal endividamento dos clubes brasileiros perante o Estado e  instituições financeiras particulares. Também culminaram em colocar tradicionais equipes nas páginas policiais e em investigações da Polícia Federal, em casos de lavagem de dinheiro e corrupção. Vergonha que não se pode esquecer para que não se deixe repetir. 

O Corinthians, hoje, conta com patrocínio alardeado como sendo o quarto maior do Mundo e ditou o rumo  seguido por muitos outros clubes da primeira divisão em suas propagandas estampadas nas camisas. Vende-se, inclusive, o espaço das axilas dos jogadores em oportuna ação de desodorante. Tampouco se contam nos dedos as ações de marketing realizadas fora de campo no Parque São Jorge, outrora inexistentes e de responsabilidade da empresa da neta do Presidente Dualib, em um claro exemplo de nepotismo importado do Planalto Central.

Apresentação de Ronaldo no Corinthians. (Globoesporte.com)
Argumenta-se que o fator Ronaldo ajudou a alavancar tal setor de receitas corintiano, mas o principal responsável, para mim, ainda é o manejo do atual presidente Andrés Sanchez e sua equipe (notadamente o economista Luis Paulo Rosenberg). Nota-se, claramente, o salto entre o amadorismo personalista de Dualib para outra administração, mais profissional e voltada para o business (palavra que adora Mário Gobbi, candidato de Sanchez à sua sucessão).

Vale lembrar que esta não é a tentativa de se ressaltar os méritos de uma pessoa à frente do Corinthians em detrimento de outra, em cunho oportunista, mas os fatos estão postos sobre a mesa. Os investimentos em infraestrutura, o massivo aumento da receita no contrato de TV, as inúmeras ações de marketing em conjunto com a Nike e a construção do estádio falam por si só. Nunca antes na história deste país (outra importação do DF) se explorou tão bem uma marca no futebol.

Felizmente, o exemplo corintiano não passou desapercebido por outros clubes brasileiros. Não só na hora de copiar a exposição de marcas nas omoplatas de seus jogadores, mas também em buscar novas fontes de receita junto a seus torcedores, os maiores ativos de um clube. Os programas de sócios dos clubes da capital gaúcha são exemplos a serem seguidos (e efetivamente estão sendo).

Por outro lado, a contratação de Ronaldinho pelo Flamengo nos moldes da de Ronaldo explicita que nem toda ação de marketing dará certo em qualquer lugar ou com qualquer jogador. O potencial de mídia do Gaúcho não se mostrou tão grande quanto a do sempre carismático Fenômeno. O resultado? Crises deflagradas na mídia entre patrocinadores, parceiros, o clube e o jogador que podem, inclusive, culminar na sua saída do rubro-negro carioca.

As diversas experiências Brasil afora e o salto quantitativo da receita dos clubes exemplificam o momento de profissionalização da administração no futebol brasileiro que culminará, eventualmente, em uma divisão drástica entre aqueles que conseguiram maximizar seu potencial financeiro e aqueles que ficaram para trás, agarrando-se em exemplos como os de Dualib e Eurico.

É notório que tal momento atrai o investimento e os olhares de cada vez mais empresas para o esporte. Percebe-se a ramificação de organizações tradicionais em seus ramos em aventuras no futebol. O Grupo Pão de Açúcar é dono de jogadores, como Paulinho da Seleção e do Corinthians, e de clubes no Rio e São Paulo, chamados ambos de Audax. O Grupo Sonda, originalmente outra rede de supermercados, é parceiro do Santos em contratações e detém, inclusive, parcela de Neymar, maior objeto de desejo dos gramados brasileiros.

E esses casos citados se atém apenas aos clubes mais tradicionais e em evidência. Há participações empresariais em praticamente todos os níveis do futebol brasileiro. Até o Londrina Esporte Clube, que atualmente não disputa nem a Série D do Campeonato Brasileiro, é controlado por um destes grupos.

Enfim, temos que aqueles clubes que não profissionalizarem a sua administração e se aterem aos velhos modos, em que o presidente do clube era aquela figura folclórica que pagava "do bolso" as contratações, serão relegados a posições de coadjuvantes e fatalmente serão apenas memória do clube vencedor que um dia foram.


PS: Não coloquei o vídeo do Marcelinho para ilustrar a postagem porque é referente à dízimos para Igrejas. Basicamente, ele usa o argumento do perdão da dívida como sendo uma graça de Deus por ter contribuído. Só pode ter sido assim que Dualib se sentiu tocado e fez um contrato absurdo e prejudicial ao clube que presidia. 

domingo, 20 de novembro de 2011

Vitórias apertadas, derrotas expressivas e pouquíssimos empates.

Emoção Corintiana:
uma constante no Campeonato. (Foto: Nike Futebol)
Mais uma rodada do Campeonato Brasileiro se passou e apesar da vitória do líder Corinthians ante o Atlético Mineiro no Pacaembu, nada está definido. O placar de 2 a 1, de virada, com direito à gol do muito contestado Adriano, foi do jeito característico da Fiel Torcida: sofrida e emocionante.

Obviamente, não foi a única vez que o Corinthians ganhou pela diferença mínima neste certame. Muito pelo contrário. O Timão venceu 20 das 36 partidas disputadas até agora e em 14 destas vitórias, a diferença foi de apenas 1 gol. Curiosamente, quando perdeu também foi por pouco. Em 6 das 9 derrotas, o clube paulista foi derrotado nestas condições.

Ou seja, se estas estatísticas reafirmam a característica pragmática do time corintiano, também explicitam que ganhando ou perdendo o Corinthians faz o coração do seu torcedor sofrer e, aparentemente, não dá muita brecha para tranquilidade (tanto que relutou em disparar na liderança quando pôde).

Já o Vasco da Gama, segundo colocado, chama atenção por ser um time que pouco perde, mas quando acontece, geralmente faz feio. Afinal, o clube cruz-maltino é o que menos foi derrotado entre os cinco primeiros, com apenas 7 derrotas (só 1 em São Januário), porém em 5 delas o placar foi de 3 ou mais gols em favor do adversário. Baita dor de cabeça no dia seguinte para seu torcedor.

O terceiro colocado Fluminense, por outro lado, se destaca por ser um time com pouquíssimos empates. Apenas 2! De longe, o menor número em todo o Brasileirão! Como consequência, a sua posição no topo da tabela, mesmo contabilizando 14 derrotas (o dobro do Vasco!), é a comprovação da teoria de que o empate não é tão bom negócio assim.

A própria lógica da pontuação atribuída à vitórias e empates já deveria corroborar esta tese. É claro que em uma partida em que seu clube está em larga desvantagem, ou é teoricamente muito mais fraco do que o adversário, o empate deve ser comemorado como bom resultado. Mas não em um campeonato tão nivelado como o Brasileirão, onde não há tal discrepância entre os elencos (a ver as vitórias do América sobre os supostos favoritos Botafogo, Corinthians e o próprio Fluminense).

Enfim, aparentemente, é a mentalidade de entrar para ganhar que tem feito o Fluminense ficar próximo ao bicampeonato. Esta mesma atitude que o fez golear o Figueirense em Florianópolis e comprovar a melhor campanha do segundo turno (dedo do Abel Braga?). Mesmo com o adversário jogando em casa, vindo de uma bela sequência e estando tão próximo na tabela.

Ah, uma última curiosidade? Esta foi a única vez que o Fluminense ganhou fora de casa por mais de um gol de diferença neste Campeonato. Logo um 4 a 0. Duro para o torcedor do Figueira que teve que assistir ao "show" do Fred e ver a luta pela Libertadores se intensificar com as vitória de Internacional e São Paulo.

Complemento: "Corinthians e a regularidade."

Na sexta-feira, dia 18, o site OnlyEsportes (www.onlyesportes.com.br) publicou uma matéria que, oportunamente, complementa o que eu havia escrito sobre o Corinthians no post sobre sua incrível regularidade nos dois últimos Campeonatos Brasileiros.

Nesta publicação da OnlyEsportes, há a seguinte estatística:

Nos últimos dois Brasileiros, esses foram os clubes que mais ficaram no G4, em 73 rodadas:
1Corinthians - 72 rodadas ( (36),  (26),  (8) e  (2))
2. Fluminense - 38 rodadas ( (23),  (7),  (7) e  (1))
3Botafogo - 28 rodadas ( (-),  (-),  (12) e  (16))
4São Paulo - 28 rodadas ( (4),  (8),  (14) e  (2))
5Vasco - 24 rodadas ( (6),  (9),  (3) e  (6))
6Cruzeiro - 21 rodadas ( (2),  (4),  (13) e  (2))
7Flamengo - 19 rodadas ( (1),  (9),  (3) e  (6))
8Internacional - 12 rodadas ( (-),  (-),  (1) e  (11))
9Santos - 10 rodadas ( (-),  (1),  (3) e  (6))
10Ceará - 9 rodadas ( (-),  (3),  (3) e  (3))
11. Atlético-MG - 5 rodadas ( (1),  (1),  (-) e  (3))
12Avaí - 5 rodadas ( (1),  (2),  (1) e  (1))
13. Figueirense - 3 rodadas ( (-),  (-),  (-) e  (3))
14Grêmio - 3 rodadas ( (-),  (-),  (-) e  (3))
15Atlético-PR - 1 rodada ( (-),  (-),  (-) e  (1))
16Palmeiras - 1 rodada ( (-),  (-),  (-) e  (1)) 

Enfim, como eu havia escrito, a capacidade do Corinthians em se manter no topo da tabela nos últimos anos é incrível. Quase dois campeonatos seguidos entre os quatro primeiros, majoritariamente se alternando entre líder e vice. Tudo isso em razão de investimento em estrutura e na formação de um elenco forte. Mesmo que o título deste ano escape, como na edição passada, com essa regularidade assombrosa os corintianos podem ter certeza que os canecos virão, em algum momento, para o Parque São Jorge.

(A matéria original, escrita por Rodolfo Rodrigues, está disponível aqui).

Pensamentos: 

I - A oportunidade de não deixar o título este ano passa por vencer o Atlético Mineiro no Pacaembu hoje. O Vasco fez seu dever de casa contra o Avaí e já tomou, provisoriamente, a liderança das mãos do Corinthians.

II - O São Paulo fez o que todos deveriam ter feito, mas falharam. Goleou impiedosamente o América Mineiro, em uma bela exibição do Fabuloso. Assisti a partida e o Tricolor não deixou, em nenhum momento, a impressão de que não venceria o Coelho. Infelizmente, o América, que vinha de três vitórias surpreendentes contra Botafogo, Fluminense e Corinthians, foi matematicamente rebaixado.

III - O Avaí também se despediu da Série A do Brasileirão. Momentaneamente, será? A finada parceria com a LA parece ter deixado rombos maiores do que imaginávamos.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O perigo de se dar palpites.

Como de costume, no início de todo campeonato de futebol, são feitos os palpites de quais clubes estarão na frente e quais não farão um bom papel, fruto de um exercício de imaginação realizado tanto por amadores, como por experts e profissionais. Algumas vezes tais "chutes" passam perto, outras vislumbram um final totalmente diferente do que acaba se tornando realidade.

Se analisarmos a tabela formulada antes da bola começar a rolar no Brasileirão 2011 pelos comentaristas convidados do site Globoesporte.com (link da matéria), nos deparamos com uma situação no mínimo curiosa. No topo da tabela, encontraríamos:


E na parte de baixo: 


Um bocado diferente da realidade em que o Campeonato Brasileiro se encontra, não?

Não precisamos nos ater a cada caso, mas se notarmos a discrepância entre as posições imaginadas por tais comentaristas e a real  condição de times como o Cruzeiro e o Figueirense, já jogamos por terra todo o esforço imaginativo deles.

O Cruzeiro, apontado por muitos como candidato ao título, está lutando arduamente contra o rebaixamento. De maneira oposta, o Figueirense, sério postulante à Série B na visão dos comentaristas, está no topo da tabela pleiteando uma vaga na Libertadores da América (e não fosse o pênalti desperdiçadíssimo no jogo de ontem contra o Flamengo, até pelo título).

Não é difícil, porém, conceber o que os levou a tais conclusões. O time mineiro fazia uma excelente campanha na Libertadores deste ano, ganhou 5 dos 6 jogos da fase de grupos, inclusive com excelentes exibições ante o Estudiantes da Argentina que o havia derrotado na final do mesmo certame em 2009. Além disso, havia disputado o título do Brasileirão de 2010 até a última rodada.

A própria eliminação inesperada ante o Once Caldas (!) na Libertadores, o desmanche do time, as contratações desastrosas (aliás, os times de Minas são campeões em contratar por milhões jogadores que nada rendem), a saída constante de técnicos, a impossibilidade de se jogar em casa (o Mineirão está em reforma), sem dúvidas minaram a campanha do Cruzeiro. Ainda houveram os episódios da saída do Gilberto e o drama do filho do craque e camisa 10 do time, Montillo.

Se não há time que aguente um ano como esse, por outro lado há o caso do Figueirense. Aposta certa entre os comentaristas como candidato ao rebaixamento, o time da bela Florianópolis justificava tal posição pela campanha irregular no campeonato Catarinense em que a Chapecoense se sagrou campeã e talvez até pelo bairrismo do pessoal da Globo, que pouco olha para os times de fora do Eixo.

Apesar disso, os méritos (já exaltados aqui no blog) do trabalho do revigorado treinador Jorginho, a contratação de um ilustre desconhecido que está comendo a bola (Júlio César), a aposta em jogadores descartados por outros times da Série A que deram certo e a combinação curiosa de resultados deste Brasileirão, fazem o Figueira figurar entre os primeiros.

Fora esses dois clubes, poderíamos analisar o caso do Corinthians, vice-campeão paulista, que ninguém apontava como possível campeão, mas liderou (e ainda lidera) imensa parte do campeonato e do próprio Vasco da Gama, campeão da Copa do Brasil e firme na disputa tanto da Sul-Americana, quanto do Brasileirão.

Enfim, não há lições para serem tiradas deste resultado de adivinhação de tais comentaristas, eles continuarão apostando e seguirão errando, pois o futebol é, como diz o ditado, uma caixinha de surpresas. Mas que seria mais prudente não se arriscar tanto pelo nome dos times (caso do São Paulo e do Inter) e olhar com mais carinho para todos os clubes... ah, isso seria.

Pensamentos: 

I - Realmente bizarro o pênalti cobrado pelo jogador Aloísio do Figueirense no jogo contra o Flamengo. Custou a vitória e uma vida mais fácil nas últimas rodadas (se é que isso é possível).

II - Concordo que o Corinthians não merecia, antes do campeonato, o posto de concorrente ao título. Eu, mesmo sendo torcedor, não apostaria dinheiro nisso.

III - Ronaldinho Gaúcho em crise com o patrocinador do Flamengo. Afinal, se nem para o Marketing ele tem servido, o que faz "R10" no clube carioca?

IV - Absolutamente lamentável a entrada de Bolívar no jovem lateral Dodô, jogador do Corinthians emprestado ao Bahia. Pior foi justificar alegando que o menino tinha entrado afoito no lance. Aquela pisada no joelho foi criminosa. STJD?

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Corinthians e a regularidade.

O Corinthians contou com a sorte mais uma vez, afinal, seus adversários diretos não tiveram bons resultados nas últimas rodadas. A única diferença é que, desta vez, o Timão aproveitou. Não foram poucas as vezes neste Campeonato Brasileiro em que quando um clube tinha a chance de disparar, contando com uma rodada de tropeços dos outros e acabava por perder também.

A rodada poderia ser melhor ainda para o líder, não fosse a noite inspiradíssima de Fred na espetacular e emocionante vitória do Fluminense ante o Grêmio (ainda que com gol impedido). O América-MG aprontou novamente, desta vez contra o Botafogo. O time que passou boa parte do certame na lanterna, finalmente dá sinais de que pode escapar da degola após vencer seus últimos 3 jogos contra adversários do topo da tabela.

Em um campeonato em que tudo parece ser possível, é impressionante ver como o Corinthians se manteve o tempo na briga pelo título. Desde o princípio, quando emplacou 9 vitórias em 10 jogos, sua pior posição no campeonato foi um 4° lugar e por apenas duas rodadas em momentos distintos. A ver:

Gráfico com as posições do Corinthians no Brasileirão 2011. (Globoesporte.com) 

Essa constatação é ainda mais relevante quando considerarmos também o Brasileirão 2010, onde o Corinthians liderou quase todo o tempo,  perdendo a chance de ser campeão nas últimas rodadas (aquele malfadado empate contra o rebaixado Vitória lhe custou a liderança faltando dois jogos) e ficando apenas 3 pontos atrás do Fluminense.

A regularidade é impressionante. Mas pode atrapalhar. Nos últimos sete jogos do Corinthians no ano passado, ele não perdeu nenhuma. Porém, empatou contra dois clubes que já estavam rebaixados, enquanto seus concorrentes ao título iriam jogar contra seus rivais paulistas (notadamente o Fluminense, que enfrentou São Paulo e Palmeiras, goleando os dois sem nenhum esforço), o que resultou naquele "entrega-entrega" que tanto maculou os campeonatos de 2009 e 2010.

Enquanto neste certame de 2011 a tabela, modificada por esse propósito, ajudou e não houve "entrega" para prejudicar rivais, a falta de ambição, da garra para ser campeão, pode custar outro título ao Timão. Ora, apesar da vitória ontem e da (pequena, mas bem-vinda) vantagem de dois pontos, a atitude dos jogadores em campo é preocupante. Se não fosse a jogada individual de Ramírez e a bela partida de Júlio César, o Corinthians estaria lamentando outro América Mineiro.

Enfim, no momento em que tudo está em jogo, parece que os jogadores perderam o gás e o brio. Nitidamente, o time é uma sombra do que foi no começo do certame. Depois, se deixar tudo escapar por entre os dedos, só resta lamentar e tentar novamente ano que vem. Mais uma vez.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

É bom ser Rei.

Foi com uma camiseta da sua patrocinadora com essa inscrição que Neymar anunciou que pretende ficar no Brasil até a Copa do Mundo de 2014. Bom para o futebol brasileiro e para o Santos, melhor ainda para ele.

Ora, como afirma pelo seu traje, o garoto está curtindo ser o Rei. Afinal, é o melhor jogador em atividade no Brasil, é o mais bem pago e o mais requisitado para participar de ações de Marketing e afins. E o que seria na Espanha? A julgar pelo momento e exposição de Cristiano Ronaldo e Messi, seria um coadjuvante ou um sub-protagonista, como queiram.

Financeiramente falando, o negócio é perfeito para Neymar. No Real Madrid, seu salário seria, segundo o jornal AS, de 6 milhões de Euros anuais, ou seja, 14 milhões e 400 mil reais/ano (usando a cotação do Euro atual). Já no seu novo contrato com o Santos, estima-se que ele ganhará 2,3 milhões de reais mensais, o que resulta na irrisória quantia de 27 milhões e 600 mil reais por ano!

Se as recentes contratações de Ronaldo e Ronaldinho, por Corinthians e Flamengo respectivamente, recebendo salários exorbitantes, haviam amenizado a ideia de que se recebe mais dinheiro na Europa, os supostos e prováveis atuais vencimentos do jogador do Santos simplesmente jogam por terra tal mito.

Claro que estamos falando de craques com uma exposição midiática pouco comparável, mas receber quase o DOBRO do que receberia no todo-poderoso Real Madrid é realmente algo expressivo. Neymar, com certeza, não vai poder alegar que está saindo do Brasil para "fazer seu pé de meia".

Realmente, é bom ser O Rei.

Pensamentos: 

I - Dedé, protagonista indiscutível da (outra) brilhante classificação do Vasco na Sul-Americana, seguiu os passos do companheiro de Seleção Neymar e anunciou a sua intenção de ficar no Brasil até a Copa de 2014. Uma ótima notícia para os cruz-maltinos, afinal, podem manter o melhor zagueiro do Brasil (talvez Brasileiro) no momento.

II - O que falar do título da Lusa? Irretocável! Infelizmente faltou uma Portuguesa na Séria A. Um time que demonstrou desde o princípio do campeonato que queria ser campeão e até o fim não tirou o pé, produzindo viradas memoráveis e exibições muito acima de seus pares de Segunda Divisão. Meus parabéns à Lusa!

III - Infelizmente já há indícios de que o elenco campeão da Série B vai ser totalmente desmontado. Uma pena, pois, mantendo este, a Portuguesa poderia seguir os passos de Corinthians e Vasco, que ao voltarem da Série B se estruturaram a ponto de disputar e vencer títulos de maior expressão.

IV - Tévez está mesmo de saída do Manchester City. Um candidato a ameaçar o posto de Rei no futebol brasileiro? Será que o Corinthians paga para ver?

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Obrigado, Figueirense.

Local da fundação do Figueirense em 1921
(Enviada por Marcelo Martins)
Em um campeonato onde o líder faz o viés de pace car, ou seja, serve apenas para ditar o ritmo (lento) dos outros e embolar os competidores que vem atrás, uma campanha e uma arrancada como a do Figueirense nessa reta final são uma grata e muito bem vinda surpresa.

Felizmente, tive a oportunidade de ir a um jogo no Orlando Scarpelli nesse Brasileirão, além de ter presenciado a vitória do time catarinense sobre o Corinthians no Pacaembu, e posso dizer que é uma viagem ao passado (um pouco) mais romântico do futebol.

Não estou dizendo que o Figueirense não é estruturado, muito pelo contrário, sua eficiente campanha de sócios, por exemplo,  não me deixa mentir. Mas que outro time da Primeira Divisão joga com um Vento a seu favor (ou contra, dependendo do lado do campo)?

Além do icônico Vento Sul, sua torcida me intrigou. Ao final da partida, uma vitória do São Paulo por 2x1, houve uma pequena discussão entre uma turma "pró-Fernandes"  e outra em desfavor do ídolo do Figueira. Por fim, a discussão avançou para o que o clube podia ambicionar no certame, enquanto alguns defendiam que o resultado era ruim, afinal os distanciaria da zona da Libertadores, outros afirmavam que era normal, pois se tratava do São Paulo e que o lugar do Figueirense era mesmo no meio da tabela.

Curiosamente, o lado que se conformava com o papel secundário no campeonato era maioria. Não sei até que ponto isso era estigma da Segunda Divisão, ou conformismo de um torcedor que sabe que seu time não conta com milhões de orçamento, como aqueles do eixo Rio-São Paulo. Mas hoje tenho certeza, que aqueles que queriam mais do clube estão com aquele sorriso de quem estava coberto de razão.

Afinal, o Figueirense não apenas encaixou uma respeitável série de invencibilidade, ele provou que qualquer clube na Primeira Divisão pode lutar na parte de cima da tabela. Basta trabalhar para isso. E talvez, contar com um pouquinho de sorte. Não acredito ser normal um campeonato em que tantos estejam no topo separado por tão poucos pontos, mas isso não desmerece, de maneira nenhuma, a campanha do Figueira.

Enfim, é por isso que agradeço o clube do Estreito. Por ser mais uma prova de que dinheiro ajuda, mas que determinação e vontade são os verdadeiros elementos fundamentais a um futebol de campeão. Quem sabe, em outro ano não levante o caneco? Ou, nos surpreenda ainda mais e faça isso ainda em 2011? Por mais difícil que seja, nada parece impossível nesse campeonato e esse time mostrou que tem garra para buscar o que quer.

Pensamentos:

I - Acredito que a campanha no Figueirense credencia Jorginho a uma posição de maior destaque como treinador. Se tinha saído chamuscado pela péssima exibição da Seleção na Copa da África do Sul, agora já está devidamente reabilitado.

II - Obviamente também agradeço pela vitória sobre o Botafogo no Engenhão, tirando assim a chance do time carioca embolar ainda mais a briga pelo título.

III - O Campeonato está tão enrolado que o Flamengo, depois de não ganhar em 8 jogos (!), está novamente na luta do título. Tem gente que acha isso bonito, mostra que todo mundo pode ser campeão no Brasileirão. Para mim, só prova que está tudo nivelado por baixo e que todos sobrevivem de lampejos de bom futebol.

IV - Patética a atuação da zaga do Cruzeiro. Simplesmente horrível.

V - Impossível não perceber como o Corinthians se tornou um time apático. Foi assim na reta final do Brasileirão 2010, na desastrosa eliminação para o Tolima e agora. Não parece MESMO ser um time de chegada. Coincidentemente, o treinador é o mesmo nos três momentos.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Dois dos melhores?

O portal As.com publicou hoje duas matérias similares sobre dois jogadores distintos. Em ambas trata-se de estatísticas sobre número de gols por número de partidas. E as médias desses dois craques impressiona. Cristiano Ronaldo e Messi, dois dos melhores de todos os tempos?

Se a constatação partisse apenas de estatísticas, creio que já estaria segura e devidamente validada. Lionel Messi já marcou 202 gols com a camisa do Barcelona, sendo 101 destes nas últimas 98 partidas, quando começou a jogar de "falso delantero". Já Cristiano Ronaldo, em 105 partidas pelo Real Madrid, já marcou os mesmos 101 gols e acabou de confirmar o melhor começo de temporada de toda a sua carreira.

Duas máquinas de jogar bola em dois clubes com uma das maiores rivalidades do futebol. Disputando não só os mesmos títulos com essas camisas, como também os recordes individuais. Candidatíssimos aos dois primeiros postos de Melhor do Mundo.  São craques como esses que fazem deste esporte o que ele é.

Confira as matérias:


Cristiano firma el mejor arranque de toda su carrera


terça-feira, 1 de novembro de 2011

Bola de Ouro, Categorias de Base e Imigração.

Vivemos um momento interessante para o futebol brasileiro. Um jovem jogador, que joga em terra brasilis, está concorrendo ao Prêmio da Bola de Ouro, com outros 22 destaques, para saber quem é o melhor jogador do mundo. Detalhe, todos os outros jogam na Europa.

Claro, estamos falando de Neymar. Ainda mais do que um feito do próprio jogador, temos que louvar a façanha de todo um staff por trás deste, que investiu pesado na ideia de ter um jogador eleito o "melhor do mundo" jogando em um clube brasileiro. O que muitos acharam engraçado na época, mostrou-se um (pouquinho) mais viável hoje.  

Não, não estou dizendo que ele será eleito. Muito pelo contrário, aposto que não estará entre os três finalistas. Mas a exposição MUNDIAL (todos os dias o AS.com, da Espanha, posta algo sobre ele) de mídia que o garoto está tendo é um bom sinal. Mostra que temos potencial mercadológico para sermos ainda mais rentáveis, além de conquistar fãs no mundo todo. Basta termos pessoas competentes e comprometidas gerenciando o nosso futebol.

Outra coisa que me chama a atenção na lista dos indicados é número de jogadores do Barcelona que estão nela. Não porque não merecem, óbvio. Mas sim pelo fato de terem sido CRIADOS no próprio clube. Nada menos do que 5 (cinco) dos 23 melhores jogadores do Mundo são das "canteras" do Barça! Uma máquina de revelar craques? Talvez. Um exemplo de como se administrar os juniores de sua equipe? Com certeza.

O compromisso do clube catalão com as categorias inferiores é exemplar. Basta digitar "La Masia" no todo-poderoso Google e verão o que estou falando. E não é só investimento estrutural! É a filosofia do clube: revelar jogadores para jogar NO Barcelona. Desde cedo treinam e são moldados ao estilo de jogo da equipe principal, o famoso "tiki-taka" (três expoentes dessa filosofia? Messi, Xavi e Iniesta).

Em contrapartida, quem também se beneficia é a Seleção Espanhola. Campeã da Euro E da Copa do Mundo utilizando-se deste estilo particular de jogo. É pouco, ou já se convenceu? Além de tudo isso, o sistema parece não parar. O Barcelona jogou a rodada passada da Liga Espanhola com mais canteranos recém saídos da base, para dar folga à seus jogadores estrela, e além de não decepcionarem, os garotos ainda se destacaram. Isaac Cuenca, os espanhóis sugerem que o nome seja guardado, inclusive marcou um gol na goleada sobre o Mallorca.

Por fim, ainda falando sobre filosofia de jogo e mudanças na base que afetam a equipe principal, a excelente entrevista de Cacau ao Globoesporte.com é uma boa pedida e fica como recomendação. Segue um trecho:

"O futebol alemão mudou muito desde que você chegou. Hoje, a seleção da Alemanha tem um outro estilo e uma outra cultura. Ninguém pode mais falar de futebol-força com talentos como Özil, Khedira, Müller, etc. O que aconteceu?


Foi uma mudança de filosofia, que começou com a chegada do Klinsmann e do Joachim Löw para comandar a seleção e teve continuidade. O Löw já está há sete anos na seleção e trouxe uma nova filosofia de jogar futebol. (...) A seleção está chegando a um grande nível, combinando esse novo estilo com a velha mentalidade de nunca desistir, de sempre correr atrás. É uma mescla de técnica e força excelente, que vem sendo feita desde as divisões de base, com o Matthias Sammer."

Ademais, Cacau fala sobre a adaptação de um imigrante do Mundo da Bola ao seu novo país e suas opiniões particulares sobre a Alemanha. Vale a pena a leitura.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Kaká volta a Seleção.

Depois de longos dezesseis meses, o meio campista Kaká está de volta à Canarinho. Ótima notícia. Afinal, poucas são as seleções do mundo que podem contar com um jogador desta qualidade e que em boa forma, pode resolver partidas sozinho.

Mano já havia tentado tirar a pressão dos garotos com a convocação de Ronaldinho, mas, convenhamos, Kaká ainda tem muito mais a render do que o camisa 10 do Flamengo. Como alento, serve o fato de que no Real Madrid ele tem voltado, aos poucos, a ser decisivo. Tornou-se titular, tem feito boas partidas e marcado gols. Se já não é o brilhante jogador dos tempos de Milan, continua sendo, no mínimo, um excelente meia-atacante.

No mais, a convocação de Mano surpreendeu em alguns nomes. Bruno César, seu jogador em tempos de Corinthians, está sim em boa fase no Benfica, mas não me parece jogador de Seleção. Já William, também ex-Timão, merecia há tempos uma chance com a Amarelinha. Não é de hoje que ele vem se destacando no Shakhtar da fria Ucrânia, inclusive chamando a atenção de clubes maiores e tem apenas 23 anos.

Por fim, fica evidente que alguns outros nomes visam às Olimpíadas de Londres como: Dudu (ex-Cruzeiro e Coritiba), Kléber (atacante do Porto) e os laterais Alex Sandro (ex-Santos) e Fábio (Manchester United). Agora é esperar para ver como a Seleção se sai contra as fortíssimas seleções do Gabão e do Egito.