A cidade de Manchester acordou taciturna hoje. Seus dois clubes, o United e o City, maiores expoentes de uma cidade apaixonada por futebol foram eliminados da Liga dos Campeões da Europa, a competição de times de grife.
Não é surpresa para ninguém que o melhor jogador da Liga tem grandes chances de se coroar como Bola de Ouro da FIFA. Portanto, sair desta vitrine não é só um prejuízo financeiro, mas também futebolístico. É como a Libertadores da América, objeto de desejo de 8 em cada 10 torcedores, o ápice do futebol no Continente.
O City, enxertado com petrodólares árabes, gastou milhões para formar um time que sabe jogar bola. Conta com nomes como o espanhol David Silva (um dos melhores meias armadores atualmente), o driblador francês Samir Nasri, o hermano Sergio Aguero, o polêmico italiano Mario Balotelli, além dos irmãos costa-marfinenses Touré e dos destaques ingleses Joe Hart e Micah Richards. Com uma linha ofensiva importada e de qualidade vem liderando com o folga a Premier League, o campeonato inglês.
O rival United é o segundo colocado do campeonato nacional e vem em um momento de transição. Sir Alex Ferguson, há 25 anos treinador dos Red Devils, tem colocado jovens jogadores para jogar ao lado das estrelas, tais como Wayne Rooney e Rio Ferdinand. Vale relembrar que os vermelhos de Manchester são os atuais vice-campeões europeus, tendo perdido na última final para o todo-poderoso Barcelona.
Curiosamente, em uma Liga dos Campeões onde o APOEL, do Chipre, consegue uma classificação histórica para as oitavas de final como primeiro de seu grupo (a frente de Porto, Zenit e Shakhtar) a Zebra parece estar solta. O United perdeu a sua vaga para o Basel, da Suíça e para o lisboeta Benfica. Já o City ficou atrás do italiano Napoli e do gigante alemão Bayern de Munique.
Certamente nada para se envergonhar, tendo em vista o nível técnico dos clubes que disputam o certame (o United tinha uma vida mais fácil, é verdade). Mas não deixa de ser surpreendente. Principalmente se levarmos em conta a grande expectativa em torno dos times milionários de Manchester, dos quais se espera nada menos do que sucesso. Resta à ambos a disputa da "segunda divisão européia", a Liga Europa (equivalente à Sul-Americana).
Pensamentos:
I - Com o enfraquecimento da presença inglesa na Liga, o Chelsea também sofreu para se classificar, deu-se mais um passo em direção a polarização da disputa entre os eternos rivais Real Madrid e Barcelona.
II - Obviamente, o APOEL conta com ilustres desconhecidos jogadores brasileiros. Seis, para ser mais exato. São eles: os atacantes Aílton e Manduca, os zagueiros Kaká e William, o lateral Marcelo Oliveira e o meia Marcinho. Reconhece algum?
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
A felicidade inebria.
Já faz praticamente dois dias que os quase 30 milhões de corintianos puderam, enfim, comemorar exaustivamente o título de Campeão Brasileiro de 2011. Eu sendo um deles. E tenho a sensação de que nunca um sentimento durou tanto tempo para se formar e ser expressado.
Lembro claramente daquele 02 de Dezembro de 2007. Os gols, a expressão do Vampeta, o choro do Dentinho, mas mais do que tudo, me recordo das faces da Fiel Torcida. Um ano para ser esquecido. Um ano para não se repetir. A culminação de toda uma Era Dualib de má-administração e negociatas escusas. Quem pagou o pato? O torcedor.
Passaram-se quatro anos daquele fatídico dia. Vieram um troféu da Copa do Brasil, um título de Campeão Paulista Invicto, diversas vitórias em clássicos, o Ronaldo, crescimento de renda, etc. Obviamente, também houve desgostos. Duas eliminações sofridas na Libertadores, um Brasileirão desperdiçado nas duas últimas rodadas, a final ante o Sport na Copa do Brasil após uma vitória contundente em São Paulo, entre outras.
De qualquer maneira, faltava expurgar o fantasma de uma vez por todas. Ainda restava triunfar no certame em que falhara vergonhosamente. E após passar quase dois campeonatos ininterruptos no topo da tabela, confirmou-se que o "Coringão voltou" de fato.
Claro, a conquista tinha que ser do jeito que a torcida corintiana gosta de orgulhosamente entoar em seus cânticos, sofrido e suado. Apesar de ser o time que acumulou o maior número de vitórias, várias delas ficaram marcadas pela aflição até o segundo final. O que dizer da vitória suada contra o Bahia no primeiro turno? Ou a épica virada ante o Atlético Mineiro? Até mesmo do empate, no jogo final, contra o Palmeiras?
Em um Campeonato que se propagou ser o mais emocionante da história, sagrou-se campeão justamente aquele que mais despertou emoções em sua torcida. Da alegria à raiva, passando pela impaciência (com o treinador e jogadores, principalmente), pela ansiedade e pela apreensão. Finalmente, restou apenas o alívio de poder gritar "É Campeão!", quando por momentos parecia que o caneco escaparia por entre os dedos novamente.
Com o citado aumento da renda, não duvido que o Corinthians vá conseguir manter-se no topo do futebol brasileiro. Afinal, dinheiro é poder em qualquer meio. Outros títulos seguramente virão, mas nenhum deles vai superar essa felicidade inebriante de quem sabe que superou os estigmas de seu passado e pode se encher de orgulho uma vez mais.
Lembro claramente daquele 02 de Dezembro de 2007. Os gols, a expressão do Vampeta, o choro do Dentinho, mas mais do que tudo, me recordo das faces da Fiel Torcida. Um ano para ser esquecido. Um ano para não se repetir. A culminação de toda uma Era Dualib de má-administração e negociatas escusas. Quem pagou o pato? O torcedor.
Passaram-se quatro anos daquele fatídico dia. Vieram um troféu da Copa do Brasil, um título de Campeão Paulista Invicto, diversas vitórias em clássicos, o Ronaldo, crescimento de renda, etc. Obviamente, também houve desgostos. Duas eliminações sofridas na Libertadores, um Brasileirão desperdiçado nas duas últimas rodadas, a final ante o Sport na Copa do Brasil após uma vitória contundente em São Paulo, entre outras.
De qualquer maneira, faltava expurgar o fantasma de uma vez por todas. Ainda restava triunfar no certame em que falhara vergonhosamente. E após passar quase dois campeonatos ininterruptos no topo da tabela, confirmou-se que o "Coringão voltou" de fato.
Claro, a conquista tinha que ser do jeito que a torcida corintiana gosta de orgulhosamente entoar em seus cânticos, sofrido e suado. Apesar de ser o time que acumulou o maior número de vitórias, várias delas ficaram marcadas pela aflição até o segundo final. O que dizer da vitória suada contra o Bahia no primeiro turno? Ou a épica virada ante o Atlético Mineiro? Até mesmo do empate, no jogo final, contra o Palmeiras?
Em um Campeonato que se propagou ser o mais emocionante da história, sagrou-se campeão justamente aquele que mais despertou emoções em sua torcida. Da alegria à raiva, passando pela impaciência (com o treinador e jogadores, principalmente), pela ansiedade e pela apreensão. Finalmente, restou apenas o alívio de poder gritar "É Campeão!", quando por momentos parecia que o caneco escaparia por entre os dedos novamente.
Com o citado aumento da renda, não duvido que o Corinthians vá conseguir manter-se no topo do futebol brasileiro. Afinal, dinheiro é poder em qualquer meio. Outros títulos seguramente virão, mas nenhum deles vai superar essa felicidade inebriante de quem sabe que superou os estigmas de seu passado e pode se encher de orgulho uma vez mais.
domingo, 4 de dezembro de 2011
Memória.
Não tenho palavras para descrever ou homenagear o Doutor à altura. Como imagens valem mais do que frases, coloco o vídeo de sua despedida do Corinthians, rumo à Firenze e também a Ode ao Futebol que escreveu junto com seus companheiros da Seleção de 1982 (uma das maiores de todas) na partida contra a União Soviética.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
"Ah, se tivesse sido diferente..."
Só falta uma rodada para o término do Campeonato Brasileiro de Futebol 2011. No topo da tabela, temos dois clubes buscando a taça e pelo menos mais cinco lutando pelas vagas remanescentes na Libertadores. Já na parte de baixo, três clubes batalham para escapar do Rebaixamento, sendo que apenas um conseguirá.
Pior para seus torcedores, cujo esporte preferido durante toda essa longuíssima semana foi o de relembrar partidas e momentos decisivos para os seus times ao longo do campeonato e imaginá-los com um desfecho diferente. Exclamarão, sem sombra de dúvidas em suas vozes, inúmeras vezes: " Aquela partida deveríamos ter vencido".
Some-se isso aos debates nas rodas de amigos por todo o Brasil em que se fala daquele pênalti que Fulano perdeu, ou daquela expulsão infantil de Beltrano, o empate milagroso da outra equipe em bobeada da zaga, a(s) falha(s) do goleiro, e por aí se enveredando em uma especulação sem fim.
"Futebol é uma caixinha de surpresas", diz o ditado. "Para que abrir a caixa?", pergunta o torcedor. O despreparo, até descaso, de algumas diretorias culminará em um ano para se esquecer para vários brasileiros amantes do esporte bretão. Em um campeonato nivelado como o Brasileirão, será rebaixado aquele que realmente não se esforçar para evitar tal destino.
Afinal, como um legítimo Campeonato Brasileiro, deixou-se tudo para a última hora. E tal qual aquele estudante que preocupou-se em se aplicar apenas no fim do ano e agora se amedronta ante as provas finais, os dirigentes dos clubes olharão para trás e pensarão: "Poderíamos ter feito diferente aqui e ali" e "Ah, se eu tivesse me esforçado mais naquele momento".
Não duvido que passa pela cabeça do Presidente do Atlético Paranaense, por exemplo, que ao invés de se preocupar tanto com o financiamento da Arena da Baixada para a Copa, poderia ter se aplicado em contratar melhores jogadores e organizar uma comissão técnica mais preparada. O primeiro semestre explicitava que o time do Furacão não era competitivo o suficiente. E lá vamos nós mais uma vez chamar o Antônio Lopes, no alto de seus 70 anos, para tentar apagar o fogo nos últimos minutos.
Ou que a diretoria do Cruzeiro não se arrependa de ter demitido o Cuca, desmanchado o time todo e ter deixado todas as decisões nas mãos de um Presidente que já não mais se preocupava com o clube, tendo herdado o cargo de Senador da República (por ser suplente do falecido Itamar Franco).
Ora, nessa prova final há sim chances de escapar, como todas elas. Mas convenhamos, se você já não fez o seu trabalho o ano todo, não vai ser agora que ele vai, milagrosamente, ser feito decentemente. Em um momento cada vez mais profissional do nosso futebol, deixar as coisas para os últimos momentos do campeonato é, no mínimo, um contra-senso.
E é por isso que na noite deste domingo, a maioria dos torcedores dos clubes da Série A estará pensativa, um tanto taciturna e se pegará pensando naqueles jogos, naquelas jogadas, nas contratações, nas demissões inexplicáveis e lamentará, em um suspiro: "Ah, se tivesse sido diferente...".
O texto, admito, ficou um pouco confuso. Tal qual a cabeça deste que vos escreve, em uma semana em que não consegue parar de suplicar para que o início da rodada chegue logo.
Pior para seus torcedores, cujo esporte preferido durante toda essa longuíssima semana foi o de relembrar partidas e momentos decisivos para os seus times ao longo do campeonato e imaginá-los com um desfecho diferente. Exclamarão, sem sombra de dúvidas em suas vozes, inúmeras vezes: " Aquela partida deveríamos ter vencido".
Some-se isso aos debates nas rodas de amigos por todo o Brasil em que se fala daquele pênalti que Fulano perdeu, ou daquela expulsão infantil de Beltrano, o empate milagroso da outra equipe em bobeada da zaga, a(s) falha(s) do goleiro, e por aí se enveredando em uma especulação sem fim.
"Futebol é uma caixinha de surpresas", diz o ditado. "Para que abrir a caixa?", pergunta o torcedor. O despreparo, até descaso, de algumas diretorias culminará em um ano para se esquecer para vários brasileiros amantes do esporte bretão. Em um campeonato nivelado como o Brasileirão, será rebaixado aquele que realmente não se esforçar para evitar tal destino.
Afinal, como um legítimo Campeonato Brasileiro, deixou-se tudo para a última hora. E tal qual aquele estudante que preocupou-se em se aplicar apenas no fim do ano e agora se amedronta ante as provas finais, os dirigentes dos clubes olharão para trás e pensarão: "Poderíamos ter feito diferente aqui e ali" e "Ah, se eu tivesse me esforçado mais naquele momento".
Não duvido que passa pela cabeça do Presidente do Atlético Paranaense, por exemplo, que ao invés de se preocupar tanto com o financiamento da Arena da Baixada para a Copa, poderia ter se aplicado em contratar melhores jogadores e organizar uma comissão técnica mais preparada. O primeiro semestre explicitava que o time do Furacão não era competitivo o suficiente. E lá vamos nós mais uma vez chamar o Antônio Lopes, no alto de seus 70 anos, para tentar apagar o fogo nos últimos minutos.
Ou que a diretoria do Cruzeiro não se arrependa de ter demitido o Cuca, desmanchado o time todo e ter deixado todas as decisões nas mãos de um Presidente que já não mais se preocupava com o clube, tendo herdado o cargo de Senador da República (por ser suplente do falecido Itamar Franco).
Ora, nessa prova final há sim chances de escapar, como todas elas. Mas convenhamos, se você já não fez o seu trabalho o ano todo, não vai ser agora que ele vai, milagrosamente, ser feito decentemente. Em um momento cada vez mais profissional do nosso futebol, deixar as coisas para os últimos momentos do campeonato é, no mínimo, um contra-senso.
E é por isso que na noite deste domingo, a maioria dos torcedores dos clubes da Série A estará pensativa, um tanto taciturna e se pegará pensando naqueles jogos, naquelas jogadas, nas contratações, nas demissões inexplicáveis e lamentará, em um suspiro: "Ah, se tivesse sido diferente...".
O texto, admito, ficou um pouco confuso. Tal qual a cabeça deste que vos escreve, em uma semana em que não consegue parar de suplicar para que o início da rodada chegue logo.
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Penas exemplares.
| O jovem Dodô sai de campo após a agressão de Bolívar. |
No Direito, especialmente em seu ramo penal, não é diferente. Atribuem-se as piores sanções àqueles que ofenderem os bens jurídicos mais relevantes ao indivíduo e à sociedade. Não é aleatória a razão que leva o condenado por homicídio ter que cumprir uma pena maior do que aquele que furtou. O todo social explicita, através do Estado, que aquela conduta é extremamente reprovável e indesejável.
Em outra linha de funcionamento estava o futebol. Não eram poucas as vezes em que acompanhávamos algum caso de agressão, ou pura transgressão, em que saíamos com a sensação de impunidade. Aparentemente, isso está começando a mudar.
O primeiro caso que me chamou atenção foi o da invasão do Couto Pereira em 2009, quando o Coritiba foi rebaixado ante seus torcedores e os mesmos não se mostraram muito inclinados a aceitar isso pacificamente. A confusão foi generalizada:
Diante de tal exibição de vandalismo e selvageria, cabia ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) aplicar a sanção cabida. Sinceramente, não esperava resposta tão dura. Pena de mando por 30 partidas e multa de 610 mil reais. O recado estava dado, esse tipo de comportamento é inaceitável e será tratado como tal.
O posterior abrandamento da penalização após recurso da diretoria do Coritiba (apenas 10 mandos e 100 mil reais de multa) não maculou inteiramente a imagem de "pena exemplar". O clube da capital paranaense ainda teve que disputar várias partidas na sua campanha da Série B em Joinville e seu torcedor sentiu na pele as consequências daquela arruaça.
O segundo caso provém da punição aplicada ao jogador do Internacional Bolívar por essa entrada "pra quebrar" em Dodô, jovem lateral-esquerdo do Bahia:
Essa jogada absurda, que ainda hoje me provoca indignação, resultou em séria lesão no joelho do garoto Dodô e a previsão é de que ele só volte a jogar após 6 meses. As imagens são claras e provocaram reações enfurecidas dos amantes do futebol e não foram poucas vezes que li em fóruns de discussão de que o justo seria tirar Bolívar de campo enquanto o garoto não pudesse jogar. Olho por olho, dente por dente?
E é assim que entendeu o STJD. De maneira inédita e surpreendente, aplicou-se o parágrafo terceiro do artigo 254 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que dispõe:
Art. 254. Praticar jogada violenta:
PENA: suspensão de uma a seis partidas, provas ou equivalentes.§ 3º Na hipótese de o atingido permanecer impossibilitado de praticar a modalidade em consequência de jogada violenta grave, o infrator poderá continuar suspenso até que o atingido esteja apto a retornar ao treinamento, respeitado o prazo máximo de cento e oitenta dias. (AC).
Sem sombra de dúvidas, uma pena exemplar. O que há muito já se propaga, que tal tipo de jogada violenta e mal-intencionada é inconsequente e extremamente reprovável, foi agora ressaltado pelo tribunal competente. O STJD, com esta decisão, salientou: nos gramado brasileiros, não se admitirá uma entradas destas, "para quebrar".
Bolívar, ao final da partida, argumentou que Dodô entrou afobado no lance. Posteriormente, acenou com a intenção de pedir desculpas ao lateral. Hoje, tenho certeza que está com uma baita dor de cabeça e se não está arrependido, no mínimo sabe que sua carreira nunca mais será a mesma.
Caso se mantenha essa sanção, o zagueiro colorado será estigmatizado por um severo afastamento de 6 meses, que não só podem lhe custar a sua titularidade no clube gaúcho e sua faixa de capitão, mas também a continuidade na Primeira Divisão do futebol brasileiro. Como aconteceu com Domingos, ex-zagueiro do Santos, que chegou foi dispensado por ser considerado violento e agora é um peregrino pelas divisões mais baixas do Brasileirão.
Enfim, as consequências de uma violência descabida estão sendo mostradas. Espero, sinceramente, que seu caráter exemplar repercuta no "meio da bola" e que não mais tenhamos que ver carreiras sendo interrompidas por lances absurdos como este.
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
As facetas da administração de um clube.
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| Apresentação de Marcelinho em sua primeira passagem pelo clube. Acompanhado por Alberto Dualib. (Autoria desconhecida) |
Mas de causar saudades na torcida por sua vasta coleção de títulos com a camisa alvinegra, para a sua contratação mediante o perdão de uma dívida milionária e ainda depois revertendo parte deste montante para a responsabilidade do clube, já são outros quinhentos.
Assim como se comprometer em pagar 10 milhões de euros ao Lyon pela compra do atacante Nilmar, não ter recursos para realizar tal pagamento, perder o jogador para o Internacional de graça e ainda ser condenado à pagá-lo uma quantia de 7 milhões de reais resultado de ações trabalhistas.
Os casos de Marcelinho e Nilmar são expoentes de uma época negra do Corinthians. Um período de sangria econômica por parte da administração de Alberto Dualib, permeada por corrupção e coronelato, apesar das conquistas dentro de campo. E tal exemplo não se restringe ao clube de Parque São Jorge, poderíamos encontrá-los em praticamente quaisquer clubes da Série A do Brasileiro em um passado recente. Éramos ainda amadores em tempos de um futebol extremamente monetizado.
A referida situação foi responsável pelo descomunal endividamento dos clubes brasileiros perante o Estado e instituições financeiras particulares. Também culminaram em colocar tradicionais equipes nas páginas policiais e em investigações da Polícia Federal, em casos de lavagem de dinheiro e corrupção. Vergonha que não se pode esquecer para que não se deixe repetir.
O Corinthians, hoje, conta com patrocínio alardeado como sendo o quarto maior do Mundo e ditou o rumo seguido por muitos outros clubes da primeira divisão em suas propagandas estampadas nas camisas. Vende-se, inclusive, o espaço das axilas dos jogadores em
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| Apresentação de Ronaldo no Corinthians. (Globoesporte.com) |
Vale lembrar que esta não é a tentativa de se ressaltar os méritos de uma pessoa à frente do Corinthians em detrimento de outra, em cunho oportunista, mas os fatos estão postos sobre a mesa. Os investimentos em infraestrutura, o massivo aumento da receita no contrato de TV, as inúmeras ações de marketing em conjunto com a Nike e a construção do estádio falam por si só. Nunca antes na história deste país (outra importação do DF) se explorou tão bem uma marca no futebol.
Felizmente, o exemplo corintiano não passou desapercebido por outros clubes brasileiros. Não só na hora de copiar a exposição de marcas nas omoplatas de seus jogadores, mas também em buscar novas fontes de receita junto a seus torcedores, os maiores ativos de um clube. Os programas de sócios dos clubes da capital gaúcha são exemplos a serem seguidos (e efetivamente estão sendo).
Por outro lado, a contratação de Ronaldinho pelo Flamengo nos moldes da de Ronaldo explicita que nem toda ação de marketing dará certo em qualquer lugar ou com qualquer jogador. O potencial de mídia do Gaúcho não se mostrou tão grande quanto a do sempre carismático Fenômeno. O resultado? Crises deflagradas na mídia entre patrocinadores, parceiros, o clube e o jogador que podem, inclusive, culminar na sua saída do rubro-negro carioca.
As diversas experiências Brasil afora e o salto quantitativo da receita dos clubes exemplificam o momento de profissionalização da administração no futebol brasileiro que culminará, eventualmente, em uma divisão drástica entre aqueles que conseguiram maximizar seu potencial financeiro e aqueles que ficaram para trás, agarrando-se em exemplos como os de Dualib e Eurico.
É notório que tal momento atrai o investimento e os olhares de cada vez mais empresas para o esporte. Percebe-se a ramificação de organizações tradicionais em seus ramos em aventuras no futebol. O Grupo Pão de Açúcar é dono de jogadores, como Paulinho da Seleção e do Corinthians, e de clubes no Rio e São Paulo, chamados ambos de Audax. O Grupo Sonda, originalmente outra rede de supermercados, é parceiro do Santos em contratações e detém, inclusive, parcela de Neymar, maior objeto de desejo dos gramados brasileiros.
E esses casos citados se atém apenas aos clubes mais tradicionais e em evidência. Há participações empresariais em praticamente todos os níveis do futebol brasileiro. Até o Londrina Esporte Clube, que atualmente não disputa nem a Série D do Campeonato Brasileiro, é controlado por um destes grupos.
Enfim, temos que aqueles clubes que não profissionalizarem a sua administração e se aterem aos velhos modos, em que o presidente do clube era aquela figura folclórica que pagava "do bolso" as contratações, serão relegados a posições de coadjuvantes e fatalmente serão apenas memória do clube vencedor que um dia foram.
PS: Não coloquei o vídeo do Marcelinho para ilustrar a postagem porque é referente à dízimos para Igrejas. Basicamente, ele usa o argumento do perdão da dívida como sendo uma graça de Deus por ter contribuído. Só pode ter sido assim que Dualib se sentiu tocado e fez um contrato absurdo e prejudicial ao clube que presidia.
domingo, 20 de novembro de 2011
Vitórias apertadas, derrotas expressivas e pouquíssimos empates.
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| Emoção Corintiana: uma constante no Campeonato. (Foto: Nike Futebol) |
Obviamente, não foi a única vez que o Corinthians ganhou pela diferença mínima neste certame. Muito pelo contrário. O Timão venceu 20 das 36 partidas disputadas até agora e em 14 destas vitórias, a diferença foi de apenas 1 gol. Curiosamente, quando perdeu também foi por pouco. Em 6 das 9 derrotas, o clube paulista foi derrotado nestas condições.
Ou seja, se estas estatísticas reafirmam a característica pragmática do time corintiano, também explicitam que ganhando ou perdendo o Corinthians faz o coração do seu torcedor sofrer e, aparentemente, não dá muita brecha para tranquilidade (tanto que relutou em disparar na liderança quando pôde).
Já o Vasco da Gama, segundo colocado, chama atenção por ser um time que pouco perde, mas quando acontece, geralmente faz feio. Afinal, o clube cruz-maltino é o que menos foi derrotado entre os cinco primeiros, com apenas 7 derrotas (só 1 em São Januário), porém em 5 delas o placar foi de 3 ou mais gols em favor do adversário. Baita dor de cabeça no dia seguinte para seu torcedor.
O terceiro colocado Fluminense, por outro lado, se destaca por ser um time com pouquíssimos empates. Apenas 2! De longe, o menor número em todo o Brasileirão! Como consequência, a sua posição no topo da tabela, mesmo contabilizando 14 derrotas (o dobro do Vasco!), é a comprovação da teoria de que o empate não é tão bom negócio assim.
A própria lógica da pontuação atribuída à vitórias e empates já deveria corroborar esta tese. É claro que em uma partida em que seu clube está em larga desvantagem, ou é teoricamente muito mais fraco do que o adversário, o empate deve ser comemorado como bom resultado. Mas não em um campeonato tão nivelado como o Brasileirão, onde não há tal discrepância entre os elencos (a ver as vitórias do América sobre os supostos favoritos Botafogo, Corinthians e o próprio Fluminense).
Enfim, aparentemente, é a mentalidade de entrar para ganhar que tem feito o Fluminense ficar próximo ao bicampeonato. Esta mesma atitude que o fez golear o Figueirense em Florianópolis e comprovar a melhor campanha do segundo turno (dedo do Abel Braga?). Mesmo com o adversário jogando em casa, vindo de uma bela sequência e estando tão próximo na tabela.
Ah, uma última curiosidade? Esta foi a única vez que o Fluminense ganhou fora de casa por mais de um gol de diferença neste Campeonato. Logo um 4 a 0. Duro para o torcedor do Figueira que teve que assistir ao "show" do Fred e ver a luta pela Libertadores se intensificar com as vitória de Internacional e São Paulo.
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